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sexta-feira, 13 de julho de 2012

Lendas e Mitos


Bumba-meu-Boi, o boi de mil nomes...

      Só de nome esse boi está cheio! Quer ver? No Recife se chama Boi-Calemba; no Amazonas, Maranhão e Pará, Boi-Bumbá; em Alagoas, Folguedo-do-boi... e esses são só alguns nomes! (Dá para qualquer boi ficar confuso.) Bumba quer dizer "Bate!Chifra!"
       É uma festa muito popular no Norte e Nordeste do Brasil. O boi nasce em uma festa, morre em outra e ressuscita na última. Calma, não precisa ficar com pena dele. Não é um boi de verdade. É uma fantasia de boi toda enfeitada de fitas coloridas, e embaixo dela fica um dançador. Acompanhando o dançador vão pessoas vestidas de vaqueiros e gente de todo tipo, com roupas coloridas, cantando e dançando pelas ruas, indo de casa em casa. O Boi é uma mistura dos folclores africano, indígena e português! As festas acontecem de novembro até 6 de janeiro, o Dia de Reis.


Boitatá, a Cobra de fogo

     
Ou Batatá, Baitatá, Biatatá, Bitatá, Batatal... O nome é indígena e quer dizer "cobra de fogo". E é justamente o que ela é. Contam que certa vez houve uma grande enchente e todos os bichos morreram, menos a cobra.

      Quando a água baixou, era tanta comida que ela até ficou fresca: só queria comer os olhos dos bichos, porque eram mais molinhos (é meio nojento, mas a lenda é assim).

      Foi comendo tanto olho, tanto olho, que sua pele ficou transparente e ela virou uma cobra de luz! Virou o Boitatá. Dizem que o Boitatá persegue quem faz queimadas nas matas, e se você correr — babau! Lá vai ela atrás.
  


Curupira, o Protetor dos bichos
      É um anão, de cabelo vermelho, os pés virados para trás e os calcanhares para a frente. Pode ser pequeno, mas é um danado: ele protege as matas e os bichos dos caçadores, e é bem mau com eles: faz esquecerem o caminho e ficarem perdidos da silva no meio da floresta, bate neles, faz com que desapareçam... e como tem os pés virados para trás, quando os caçadores acham que ele está indo, ele está é voltando. Ou será o contrário?


Boto, o pai dos filhos sem pai
      Filho que ninguém sabe de quem é, é filho do Boto. É o que se diz no Norte do Brasil. O boto é um golfinho do rio Amazonas. Ele é um Don Juan de lá: quando a noite cai, ele sai do rio e vai para as festas paquerar as moças bonitas. E como não é bobo, ele não vai na forma de boto, porque senão ia matar as pobres moças do coração! Ele se transforma num rapaz bonito, alto, forte, grande dançador e bebedor (adora uma cachaça). Mas tudo tem seu prazo, e antes da madrugada ele tem de voltar para o rio, porque senão ele vira boto de novo... fora da água. Já viu que lá todo mundo desconfia dos moços bonitos que aparecem sem aviso nas festas e saem antes do amanhecer... Pudera!


Saci-Pererê, o brincalhão
          Esse você conhece do Sítio do Pica-pau Amarelo. É um negrinho de uma perna só, com uma carapuça (gorro) vermelha na cabeça, que lhe dá poderes mágicos.          É muito esperto e adora fazer traquinagens. Uma das suas preferidas é dar nó em crina de cavalo, depois de lhe dar uma canseira das boas, fazendo o bicho correr a noite inteira. Ele gosta de aprontar com as pessoas também: apaga o lampião, faz queimar a comida no fogo, espanta quem viaja sozinho... É um levado da breca.



Mula-sem-cabeça, a mulher do padre
Diz a lenda que mulheres que saem com padres viram mula-sem-cabeça na noite de quinta para sexta-feira. Ela sai galopando por aí, assombrando os pobres seres que cruzam seu caminho. Lança fogo pelas narinas e pela boca.
            Suas patas são de ferro, por isso ela pode galopar à vontade sem gastar os cascos. Como se não bastasse, fica relinchando a noite inteira e não deixa ninguém dormir. Para acabar o feitiço, alguém tem de ter a coragem de ir até ela e tirar o freio de ferro que ela leva nos dentes (dizem que ela não tem cabeça, mas tem boca, dentes e narinas). Haja coragem de enfrentar um bicho desses!



Gritador, o duende do vale de S. Francisco
                  Diz a lenda que o Gritador, ou Zé-Capiongo, vive gritando dentro da noite. Dizem que ele é a alma de um vaqueiro que desrespeitou a Sexta-Feira da Paixão (quando os vaqueiros têm de ficar quietinhos), saiu para campear seu gado e nunca mais voltou. Virou assombração.               Hoje vive gritando no mato, campeando uma boiada invisível que nem ele. O Gritador costuma gritar mais à noite, mas não tem hora para infernizar os outros: dizem que até ao meio-dia ele fica lá gritando no mato, assombrando quem passa, assustando a bicharada.                                            

         
O LOBISOMEM
É noite de quinta para sexta-feira. Uma chuva fina cai sobre a cidade deserta e um vento forte sopra sobre suas ruas. Um homem caminha depressa pelas ruas mal-iluminadas. Ao ouvir um estranho ruído, apressa ainda mais o passo. Porém, sente que está sendo observado.
Completamente apavorado, começa a correr. Na esquina vê um vulto escuro. Sentindo que está prestes a se tornar sua vítima, grita por socorro. Mas de nada adianta.
Desesperado, cai de joelhos ao chão e com os olhos cheios de lágrima vê a criatura  atacar. Com uma dentada no pescoço, o Lobisomem suga seu sangue. Seu corpo fica inerte no chão.
 Meio bicho, meio gente, a besta sai em disparada para atacar outras possíveis vítimas. Quando o galo começa a cantar, o Lobisomem retoma a sua condição anterior: volta a ser homem, cansado e com os cotovelos cobertos de sangue.
 Isolado, fica aguardando a próxima oportunidade em que voltará a atacar suas vítimas.


  
O NEGRINHO DO PASTOREIO
 Um fazendeiro muito rico e avarento vivia nos pampas do Rio Grande do Sul.
 Somente três coisas despertavam seu interesse : seu filho, maldoso como ele, um cavalo baio e um pequeno escravo, Negrinho, que se considerava afilhado da Virgem Nossa Senhora.
 Certo dia, um vizinho fez-lhe um desafio: provar numa corrida de cavalos qual possuía o melhor cavalo.
Por ordem do fazendeiro, o negrinho iria montar seu cavalo. A largada foi dada e no final da corrida o avarento fazendeiro viu seu baio perder. Aquilo foi demais para seu orgulho, e resolveu castigar o pobre menino, amarrando-o a um poste e surrando-o com um chicote.
Ainda não satisfeito, ordenou que o pobre garoto passasse 30 dias  sozinho pastoreando 30 cavalos. Cansado e ferido pelas chicotadas, o menino seguiu seu caminho e acabou adormecendo. Porém, ao acordar, percebeu que os cavalos tinham sido roubados.
 O filho do fazendeiro correu  para contar ao pai, que novamente repetiu o castigo e ditou que procurasse o que perdera.
 Recorrendo a sua Santa Madrinha, o Negrinho partiu em busca dos cavalos com uma vela na mão. Conforme a cera da vela derretia, os pingos que caiam no chão iluminavam seu caminho. Acabou encontrando a tropa de cavalos e seguiu levando-a de volta para casa.
Porém, ao adormecer, novamente o filho do fazendeiro espantou os cavalos.
Em casa o maldoso fazendeiro surrou o pobre menino e o amarrou preso a um formigueiro. Passados três dias, foi ver como o negrinho estava. Ficou muito surpreso ao ver que o menino se encontrava em pé sobre o formigueiro, acompanhado do cavalo baio e dos demais e pela Virgem Nossa Senhora, que zelava por seu afilhado.
Apavorado, o homem caiu de joelhos diante do Negrinho, que saiu em disparada com seu cavalo baio pastoreando a tropa.
Até hoje dizem que quem perder qualquer coisa deve acender uma vela à Virgem Nossa Senhora que  faz com que o Negrinho enconte o objeto perdido.
Se ele não encontrar, ninguém mais o encontrará.

  
                                                                
                         A VITÓRIA-RÉGIA
          Diz-se que nas noite de luar a  Lua desce à  Terra para se casar com uma índia.
          Esta crença existia na época em que as nossas terras eram povoadas por tribos indígenas, onde o masculino e o feminino não existiam como figuras determinadas nas lendas indígenas. A Lua, para eles, era um guerreiro audacioso, valente, forte e belo. As jovens índias queriam conquistar o seu amor para se transformarem em estrelas no céu.
             Houve uma índia chamada Naiá, que sonhava com esse maravilhoso guerreiro. Passava as noites observando o luar, fascinada com seus raios que banhavam seu corpo, parecendo os braços forte do amado.
             Muitas vezes Naiá corria pelos campos, com os braços estendidos, tentando alcançar a Lua, mas jamais conseguia.
             Certa noite ,doente de paixão, Naiá viu surgir com todo esplendor a Lua refletida nas águas de um rio. Não pensou 2 vezes:imaginando que o amado aparecia para atender aos seus chamados , Naiá atirou-se em seus braços e acabou morrendo no fundo do rio.
            A Lua , por sua vez ficou com pena de tamanha tragédia que, ao  invés de transformar a pobre moça numa estrela , achou melhor transformar a indiazinha em uma flor tão bela quanto imensa.
            Assim é que  , transformada em Vitória -Régia , Naiá aguarda todas as noites  seu guerreiro amado , e quando a Lua surge , abre suas enormes pétalas oferecendo sua corola para receber os raios prateados do amado.   



                           A Mandioca                   
Há muitos anos, uma jovem índia deu à luz a um lindo menino, muito branco, a quem deu o nome de Mani. Sua gravidez foi solitária porque seu pai, o chefe da tribo, nunca a perdoou por ter engravidado de uma maneira que ela não soube explicar. A indiazinha foi expulsa de sua tribo.
           Quando Mani nasceu, logo encantou a todos com sua graça e beleza. Até o velho avô caiu de amores pela pequena criança.
           Porém, quis o destino que Mani partisse muito depressa, ainda bem novo. A tristeza tomou conta da aldeia. Sua mãe foi quem mais sofreu com a perda do filhinho. Chorou dias e dias no local onde Mani fora enterrado. Passado algum tempo, os moradores da tribo perceberam que começou a brotar uma raiz marrom-escuro por fora e muito branca por dentro e resolveram experimentá-la. Era uma maneira de homenagear Mani. Foi quando a mandioca passou a ser uma fonte de alimentação muito importante para  todas as comunidades indígenas.
Mani : era o nome do indiozinho
            oca   : aca,  em forma de chifre.

  
                                A  IARA
 Sentado à beira de um rio, um solitário pescador, com suas manobras para pegar o peixe, escuta despreocupado o agradável som do leve bater do vento sobre as folhas das árvores.
 De repente, ouve um canto sedoso e o barulho de um corpo caindo na água. Sabendo que não existe ninguém pelas redondzas, tem a certeza da presença de uma figura que, ao mesmo tempo, além de ser bela, é terrível. Foge desesperadamente, com medo de encontrar Iara.
Ele conhece o destino de quem atende ao seu chamado: totalmente encantados por sua figura, os pobres homens se deixam arrastar para as profundezas do rio, tendo como único destino a morte.
Iara surge nos rios chamando os homens para amá-la em seu reino. Dizem que seus corpos são encontrados após alguns dias, com a boca dilacerada pelas piranhas - marcas dos beijos de Iara.
                                                                                  



E essas histórias entraram por uma porta, saíram pela outra... e quem quiser que conte outra!


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